quarta-feira, 12 de março de 2008

24 - Mistério de Lótus

Calma como Krishna, zen feito Buda, esotérica mas não histérica.
Antes de começar o dia, abre o seu livrinho e lê o pensamento do dia e só então, engata a primeira: levanta e vai guardar livros, atividade que, segundo a Célia Zen-Indu, é uma ótima ginástica para os braços e a região do peitoral além de ser uma excelente terapia.
Silenciosa, misteriosa e discretíssima, sabe-se lá o que se passa debaixo dos caracóis dos seus cabelos! Será que fica pensando o quanto a vida é bela? Ou que tudo está uma bela merda? Não. A Célia Zen-Indu, dentro dos seus vaporosos vestidos, vestidinhos e vestidões indianos, não chega a ser uma Poliana, mas não pensaria numa coisas dessas. A vida é uma merda só para os pobres mortais privados do contato com o além: o além-mar, além-terra, além-céu.
Hoje o seu estilo é zen, mas tem cara que já foi da pá virada. Em cada fase da sua vida deve ter sido hippie, punk, cult, patricinha ou bicho-grilo. Fez loucuras na juventude que até Deus duvida, mas agora entoa o Om (coisas de Zen-Budista), acende incenso, lê tarô, estuda astrologia, cromoterapia, Feng-shui, Yoga, Florais e medita em posição de Lótus.
Para mim a Célia Zen-Indu é um mistério, como o Mistério de Lótus, que eu também não sei o que é e por esta razão esta crônica vai ficar assim, curtinha, pois não sei o que falar do seu misterioso silêncio.
Quem sabe se eu meditasse, acendesse um incenso, guardasse livros, lesse as cartas de tarô ou o que está escrito nas estrelas? Quem sabe assim eu poderia dialogar com o seu silencio, poderia entender o mistério.
A única coisa que tenho certeza é que ficar muito tempo na posição de Lótus, doem as pernas.

Posição de Lótus: sentada de pernas cruzadas, mãos sobre os joelhos, polegar unido ao indicador. Faz-se isso para isolar-se do mundo, senão fisicamente, pelo menos em pensamento e conseguindo a proeza de praticamente em nada pensar.
Letícia 4/10/2002

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