quarta-feira, 12 de março de 2008

27 - A bibliotecária sem senso

Ser bibliotecária não é fácil. Ainda na faculdade, um professor disse que o bibliotecário(a) tem que ter bom senso - o que será que ele queria dizer com isto, meu deus?
Há pouco tempo um engenheiro, só podia ser esta raça boba, nos comparou a um bombeiro, não no sentido de segurar a mangueira, mas da boa ação, de se estar sempre solícita, de tentar de todas as maneiras resolver a questão de um cliente/usuário/consulente/pessoa e sei lá mais que nome dar a essa pobre criatura.
Conheço uma bibliotecária que tem todas essas qualidades e mais um pouco. Resolve tudo, acha tudo e mais um pouco, despenca a estante na maior naturalidade.
Certa vez vi um pobre rapaz/consulente/usuário/cliente/aluno/etc e tal, perguntar sobre um determinado arquiteto. Ela mais que depressa o levou aos terminais e em vez de ensiná-lo a entender a base de dados, ela mesma fez a pesquisa (era mais fácil e rápido) anotou os números e foi na estante. O rapaz a seguiu. A bibliotecária pegou uns três livros e jogou nos braços da criatura. Depois, o levou aos catálogos, afinal, lá poderia encontrar mais algum livro e eureka! Ela estava certa! Anotou os números, foi à estante e pegou mais quatro livros e jogou em seus braços.
Usando uma metáfora, laçou o rapaz até a sua mesa e fez mais uma pesquisinha no índice de arquitetura, em outro índice internacional e em mais outro, encontrou uns dez artigos.
- Bom , temos algumas revistas aqui que já vou pegar, mas essas outras posso pedir os textos via internet, você quer?
Antes de dar chance ao menino para responder...
- Vou pedir, não custa nada mesmo, né? Pera um pouquinho. E clica aqui, clica ali, solicitou o envio imediato dos textos via internet.
O cliente/usuário/consulente tentava dizer que já estava prá lá de bom o que ela havia conseguido. Mas ela no seu afã de atender da melhor maneira possível, usando o bom senso, a cintura, a mangueira, ops, mangueira não! Foi pegar as revistas da biblioteca.
Enquanto isso, ele aproveitou para dar uma escapadinha, carregou os livros até uma mesa , bem longe ao da dela! Para não ser encontrado e mais que depressa procurou o que lhe interessava para tira um xerox e sumir dali, antes que aquela bibliotecária maluca lhe trouxesse mais textos.
Mas não adiantou. Logo ela o encontrou:
- Então, as revistas estão aqui, mas eu achei mais um livro que pode ser legal.
Com um sorriso amarelo, o garoto agradeceu:
- Acho que tudo isso já está bom demais.
- Mas você não quer mais?
- Não, assim está bom....
- Mas eu posso achar mais textos...
- Agradeço muito, mas está bom
- Olha, você fica aí, que vou telefonar para uma amiga minha, que pode me dar mais uma dica.
- Não, não precisa se preocupar tanto, assim está bom.
- Tem certeza? Não quer mais um pouquinho, eu acho!
- Tenho certeza, tudo isso já está bom.
- Então tá.
E ela se afastou pensando:
- Pô esses cara me pedem ajuda e depois desistem no meio da pesquisa, vai entender...
Enquanto pensava, foi interrompida em seu trajeto entre as estantes por outro aluno/usuário/cliente/consulente e sei lá mais o quê:
- Por favor, você é a Dina?
- Sim sou eu.
- É que eu queria tudo sobre o Niemeyer
- Tudo? Você tem certeza que você quer tudo, mesmo?
Ele fez que sim com a cabeça e ela matutou:
- Oba! Essa pesquisa é das boas! E esse não me escapa!


Leticia 1/10/2002

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