terça-feira, 6 de março de 2012

O BANZO*

Às vezes sinto um banzo, saudades da Biblioteca da FAU. Lá podia falar de todo mundo em minhas crônicas sem medo de cara feia. Podia falar da chiquérrima Edla, do je suis désolé da Eliana, da destrambelhada da Lisely e das marmitas da Satiko.

Já aqui na FSP como poderei transformar a garça-Hálida em crônica? Que quando anda pela biblioteca parece que está planando silenciosa em águas calientes...em silêncio....ou será que é por causa da minha surdez?

Jamais poderei falar da Miriam, que pelo contrário, faz barulhinho quando desce as escadarias em seu tamanquinho de atriz Hollywood dos anos 50? Só falta o pompom.

Já da líder dos diferenciados, a Antônia, posso falar, pois é minha chapa. Já criei o slogan para sua candidatura à diretoria: “Esfiha, quibe e festa todo dia é Antônia na diretoria!”

Para escrever uma crônica, pensamos nas características intrínsecas da pessoa que vamos falar, por exemplo, a tranqüila Gabriela que sempre inicia uma frase com Então.... assim...é..é...é..

A Gisele, operária padrão, orgulhosíssima por trabalhar nesta linda biblioteca da cor verde do mar de Pernambuco em dia de chuva. A Miriam Wrigg com seu estilo fraulein, que eu não questiono e obedeço.

Minha amiga de tempos idos, a super-mamy Carminha, cuida de todos nós como filhos exemplares e puxa a orelinha quando rola um stress, com seu dedinho em riste. Então tá, né?.

Com a samuray-Alice, não tem xororô, cuida do blog, face, twitter, homepage com mãos de ferro, segue à risca o planejamento. Para ela não existe mais ou menos, ou é ou não é.
Do meu chefe José não tenho muito que falar, exceto que é homem, coisa rara na biblioteconomia e que é surdo como eu. Interessante dois bibliotecários surdos no atendimento...

A Suely parece ligada na voltagem 330, tudo o que você pede ela já resolveu ontem.

Com a Maria Lúcia, uma enciclopédia ambulante, gente finíssima, aprendi muitas palavras novas e a melhor e inesquecível é: vi-tu-pe-rar, que segundo sua avó “elogio em boca própria é vitupério”, isto é, elogiar a si mesmo é um ato vergonhoso.

A Sônia, da aquisição é outra que me dou super bem, mas será que posso falar do seu andar de “balanço do mar”? Pra lá...pra cá.. Tipo assim: dá um passo e o corpinho vai pra esquerda, outro passo, e cai pra direita até chegar ao elevador na maior tranqüilidade.

Da Rosangela, só sei que gosta tanto de informática, micros, celulares e tecnologia hiperavançada que teve um dia, quando perguntei por ela, responderam que estava dentro do servidor! não sei como coube lá e não me pergunte como?

A Imaculada tudo sabe e resolve e se não souber “podexá’ que ela vai saber e resolver e ponto final.

Tem mais gente nesta biblioteca, mas como não convivo muito, ainda não consigo tecer considerações.

Minhas crônicas da FAU sempre acabavam em bolo e café na copa. Esta, terminarei na copa comendo um mísero club social com café but, just alone.
*Banzo: Nostalgia mortal que atacava os negros trazidos escravizados da África. – Adj.: Triste; abatido; pensativo.FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário Aurélio. Curitiba: Positivo, 2004.