quinta-feira, 3 de julho de 2008

Salve, Salve São Barnabé

Não sei por que (des)cargas d´água o diretor da FAU decidiu disponibilizar para todas as funcionárias, um único, mísero e fedorento banheiro.
No final do ano passado, veio o ofício da diretoria comunicando a mudança imediata e sem choro nem vela para São Barnabé, o Santo protetor dos funcionários públicos.
Diante da democracia, sem consulta às bases, esvaziamos nossos armários particulares, cheios de pastas e escovas de dente; escovas e pentes de cabelo; batom, sombras, sabonetes, sabonetinhos, toalhinhas, absorventes, perfumes, potinhos, papel higiênico para uma emergência mais sólida, enfim, mil coisas e coisinhas, para os homens dos serviços gerais carregarem nossos arquivos, armários e/ou guarda-roupa para a nova moradia.
Assim, num espaço claustrofóbico de 6 x 5m2, com três latrinas, portas sem trincos, sem janelas, duas pias e paredes pintadas de vermelho-sangue e azul-petróleo (as cores primárias da arquitetura moderna brasileira) aboletamos 2 armários cinzas que somam-se 20 portas, um armário de madeira pintado de branco, com 10 portas e por fim, um guarda-roupa marrom. Considerando que cada portinha de armário é ocupada por duas pessoas ou mais, calculo umas trinta usuárias para três míseras privadas.
É lógico que esta quantidade de armários impede a boa circulação, teve um dia que calculei mal a passagem e bati a cabeça na quina da porta, vi estrelas, por sorte estava sozinha e não paguei mico.
A hora do almoço é um sufoco, faz fila para usar as três latrinas, fila para escovar os dentes, quando há serviços de cabeleireiro das moças atualizando as chapinhas aí o ar fica insuportável! O ar parado e quente do secador deixa a paisagem nebulosa e irrespirável, mas mulher que é mulher suporta qualquer dor ou qualquer provação pela vaidade.
A primeira hora da manhã, quando as faxineiras ainda não passaram por lá, a melhor opção é o banheiro da rodoviária mais próxima...! Papeis higiênicos transbordam dos lixos, nem Berlusconi resolveria este problema. Sabe aquela coisa de matar aula no banheiro? Neste, nem pensar.
Como a ventilação é inexistente, na falta de janela para o ar circular, fizeram um puxadinho: um cano que exausta o cheiro para o lado de fora bem em cima da porta de entrada/saída.
A história nos ensina que os banheiros surgiram por volta de 2.500 A. C., dentro das pirâmides para tornar a eternidade dos faraós mais agradável.
Em Roma:“ Nos banhos públicos aconteciam reuniões, encontros, conversas e acordos que impulsionavam tanto a política como as artes e as ciências...”
Mas foi na Idade média que identifiquei na nossa atual situação:
“A Idade Média, muito apropriadamente chamada de Idade das Trevas, protagoniza o total sepultamento dos hábitos de higiene. A Igreja, poder político e cultural absoluto, abominava os banhos tratando-os como "Orgias Pecaminosas". Nos castelos... os "banheiros" eram escuros, pois, acreditava-se que no claro as moscas e demais insetos se aproximavam e transmitiam doenças...”
Aí veio o século XX mudando o nome para toilette e arquitetos de interiores especialistas neste nobre cômodo, transformando-os num espaço de descanso e saúde!. Quem nos dera!
Como não somos faraós, políticos e nem milionárias, só nos resta rezar para São Barnabé.
Salve, salve meu Santo protetor!

Um comentário:

Anônimo disse...

Já que ninguém palpitou ainda sobre essa, ai vai : ÓOOTTTIIMMMAAA, como sempre ! Só quem usa o dito cujo é que sabe como é dura a realidade ! Mas a Let's sabe tirar boas sacadas até do horror, né ? Adorei ! bj, Mony.