sexta-feira, 27 de março de 2009

O CAMINHÃO DE BOSTA DA FAU




Foi numa manhã aprazível de março, de sol, calor e graças a Deus, um ventinho matinal... que, ao chegar no prédio da FAU/USP, onde trabalho, senti um cheiro de peixe podre e pensei:
- Nooooossssaaaa! Teve feira aqui ontem?
Mas qual não foi a minha surpresa quando vi um caminhão encostado perto do prédio e lá em cima, como se fosse muito natural, um rapaz rindo derrubando zilhões de metros cúbicos, que a primeira vista parecia terra, mas que pelo odor fétido deduzi era adubo, ou seria esterco? O olfato me dizia que era lixo e conclui que era um montão de merda.
É caro leitor..era um caminhão de pura bosta sendo despejada na FAU.
Para falar a verdade, a reforma do jardim da FAU é inexplicável. Tudo bem, vamos considerar que a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo tem que ter um projeto paisagístico exemplar; que o antigo estava descuidado, mas não bastava regar? Cortar as folhas secas, replantar algumas novas? Precisava arrancar tudo, até árvores antigas? Fazer caminhos de cimento e pedrinhas só para quebrar os saltos altos? Ah, sei lá o que esses arquitetos arquitetam em suas mentes.
E como a FAU é uma instituição pública, provavelmente a empresa responsável por este projeto foi escolhida pelo menor preço. E você pode imaginar o adubo mais barato do mercado? A bosta mais barata? Não é de vaca ou de cavalo, deve ser (pelo perfume que paira no ar há 15 dias) de restos de lixo orgânico: pura bosta barata!
Naquela manhã de segunda feira foi um forfé, uma moça da limpeza vomitou; alunos e funcionários passaram mal; outras ficaram com dor de cabeça. Os funcionários da biblioteca têm trabalhado de máscara cirúrgica; dizem que na diretoria de meia em meia hora, bombeiam Bom Ar. Comer na lanchonete nem pensar! E o pior: quem diria que ficar no banheiro é o melhor lugar! Afe!
Da minha janela, não vejo o Arpoador, mas a mocinha que comanda os heróicos empregados espalhando, mexendo e remexendo a bosta, com cara de paisagem, varrendo a merda pra lá e pra cá e levantando uma nuvem de bosta em pó que se espalha por todo o prédio, impregnando em nossas roupas, peles, cabelos, narinas, no chão, no ar que respiramos, enfim, joga merda no ventilador e faz tudo isto comendo pipoca doce!
E como toda reforma demora... Isto ainda vai feder por muito tempo!

Letícia 25/3/2009

4 comentários:

Maína Junqueira disse...

Muito bom Letícia!

Justo agora que eu tenho que fazer uma pesquisa lá na biblio e te devolver o volume da revista. Vou tentar ir na segunda-feira.

Já tinha sabido da epopéia fedorenta, mas me disseram que vou ganhar uma máscara quando chegar lá...

Que coisa mais absurda...

Makoto Shimizu disse...

Eh eh eh, olha, o seu artigo traz as palavras exatas para descrever o fedor que FAU virou - Olha, acho que foi obra de algum ativista anti-orgânico, conseguiu denegrir a adubação natural ! Que vergonha, justamente, literalmente debaixo do nariz de doutores, mestres de arquitetura e paisagismo ! Se fosse nos EUA ia ser considerado um atentado terrorista ! Precisamos saber é o nome da empresa, para NUNCA CONTRATAR A MESMA !!!

Gabriel disse...

Na verdade a FAU que escolhe os materias usados na reforma não a empresa contratada. Assim, foi escolhido um adubo experimental da Faculdade de Veterinária em que havia misturado cabeças de peixe e esterco de bode e de galinha.

Leticia de Almeida Sampaio disse...

Gabriel, obrigada por esclarecer os fatos mal cheirosos. Então a responsabilidade pelo odor é da Veterinária!
Escrevi esta crônica pq o cheiro estava debaixo da minha janela e tivemos de trabalhar de máscaras, aliás, recebi três textos sobre o mesmo assunto.