terça-feira, 25 de março de 2008

Estórias infantis - 3 - O ovo da Galinha

Certa vez, Sofia e sua mãe foram passar um fim-de-semana na fazenda do tio Beto e da tia Silvia. Lá tinha piscina, parquinho de madeira e um enorme campo de futebol.
Pela manhã, bem cedinho a Sofia e seus primos, tomavam o leite quentinho que o tio Beto tirava das tetas da vaca Rosinha depois, todos iam ao galinheiro dar milho às galinhas e pegar ovos para a tia Silvia fazer um belo omelete.
Sofia e a sua amiga Ana Clara estavam brincando de balançar na rede, quando o primo Pedrinho chegou correndo e falando rápido:
- Sofia, Ana Clara, venham ver uma coisa lá no galinheiro!!!
As duas pularam da rede e foram correndo para ver a novidade.
Entraram no galinheiro e os primos Conrado e João, mostraram para as meninas uma enorme galinha bonita chocando um ovo.
- O que é que tem essa galinha? - perguntou a Sofia.
- Ela está botando ovos de ouro! - respondeu o João.
- E daí? Disse a Ana Clara.
- É ouro! Podemos ficar ricos, emendou o Conrado.
- Podemos trocar o ouro por brinquedos, chocolates, sorvetes e um monte de coisas - completou o Pedrinho.
Sofia arregalou os olhos azuis e disse: Eu quero canetinhas coloridas para desenhar.
- Eu quero uma boneca que chora - pediu a Ana Clara.
- Mas os nossos pais não podem ficar sabendo - disse aflito o João - senão eles vão gastar todo o ouro para pagar o aluguel, a escola, a natação e não sei mais o quê...
Conrado continuou:
- E depois vão continuar falando que não há dinheiro para comprar um tênis novo.
- E as crianças da fazenda? Também vão ganhar brinquedos?
- É lógico, Ana Clara - respondeu a Sofia - mas como faremos para esconder o ouro?
- Tenho uma idéia, vamos escondê-la no nosso quarto, assim só nós cuidaremos da galinha - sugeriu Pedrinho.
Todos se olharam desconfiados, mas aceitaram a proposta.
Pedrinho pôs a galinha debaixo do braço e a levou para o quarto dos meninos, escondendo-a debaixo da cama.
- Pronto, aqui ela estará segura, agora vamos brincar lá fora e depois do almoço a gente vem ver quantos ovos ela pôs - ordenou Pedrinho.
Todos concordaram e saíram para brincar. Os meninos foram jogar futebol e as meninas correram para o parquinho.
Na hora combinada, as cinco crianças encontraram-se na porta do quarto e entraram um a um, bem devagar para não assustar a galinha.
- Nooosssaaaa!!! Que cheiro de cocô! - reclamou a Sofia, fechando o nariz com os dedos.
- Huuuummmm!!! - fez Pedrinho, enquanto olhava debaixo da cama.
- O que tem aí? - perguntou Conrado.
- Cocô, só cocô, não tem ovo não.
- Não acredito! Falaram todos juntos, atordoados sem entender por que a galinha não botou mais ovos.
Ana Clara, que é muito sensível e amiga dos animais, sugeriu:
- Acho que a galinha está triste, tadinha. Ela está sentindo falta de seus pintinhos e das suas amigas galinhas.
- Era só o que faltava, reclamou o Conrado.
- Acho que a Ana Clara tem razão - completou Sofia, com o dedinho no queixo - é melhor devolvê-la ao galinheiro.
- Não! Gritou João - vamos tentar mais um pouco, ela ainda pode botar um ovo de ouro!
Mas a galinha começou a cacarejar de tristeza: có, có, có...
- João, você não percebe que a galinha não bota mais ovos de tanta tristeza?
- A Ana Clara está certa - disse Conrado - vamos levá-la de volta e contar para os nossos pais, assim ela volta a botar ovos e o ouro pode ser dividido com mais pessoas.
Mesmo contrariado, João abraçou a galinha e toda a turminha o seguiu até o galinheiro. Lá a galinha cacarejou de felicidade, correu, ciscou, bateu asas contente com a sua liberdade.
E com todo o ouro que a galinha botou, a tia Silvia e o tio Beto fizeram uma enorme festa de São João, com fogueira, quentão, pipoca, guaraná e muita quadrilha pra todo mundo dançar.
Os pais, além de pagar a escola, a natação e não sei mais o quê, compraram bastantes presentes para os filhos.
Só esqueceram de contar para as crianças, que o ovo não era de ouro, era de galinha caipira, que bota ovo bem amarelinho.

“A GALINHA DO VIZINHO
BOTA OVO AMARELINHO.
BOTA 1, BOTA 2,BOTA 3,BOTA 4,BOTA 5,BOTA 6,BOTA 7,BOTA 8,BOTA 9,BOTA 10”


Leticia de Almeida Sampaio - 1999

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